Sociologia
Ambiental: origens, enfoques metodológicos e objetos*
Selene C. Herculano
(Publicado na Revista Mundo e Vida:
alternativas em estudos ambientais, ano I, nº 1, UFF/PGCA-Riocor, 2000, pp. 45 55)
Introdução:
Neste artigo faço, sem a pretensão de ser
exaustiva, um quadro das origens, trajetórias metodológicas e objetos da Sociologia
Ambiental, com base em resenha da literatura produzida predominantemente por integrantes
do RC-24 da ISA (Comitê de Pesquisa sobre Meio Ambiente e Sociedade, da Associação
Internacional de Sociologia) e do GT - 04 da ANPOCS (Grupo de Trabalho sobre Ecologia e
Sociedade, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais),
de 1988 à 1996.[1]
As origens da Sociologia Ambiental
A Sociologia Ambiental, por um lado, não é
nova, sendo a resultante, como salientou Buttel (1996), de um amálgama de áreas e
subdisciplinas já sedimentadas há décadas, tais como:
- a Ecologia Humana, que surgiu estudando a
mudança rural/urbano, os processos internos da cidade industrial, seus fatores dinâmicos
e limitadores, as atitudes e valores do urbanitas. A Ecologia Humana, porém, nunca chegou
a dar importância aos fatores ambientais em sentido estrito: tratava de ver como o meio
físico da cidade atuava no comportamento das pessoas e criava uma cultura específica. A
Ecologia Humana tradicional estava limitada ao foco da cooperação competitiva na
organização espacial de populações metropolitanas.
- a Sociologia Rural (por sua vez embasada na
geografia e na antropologia econômicas), estudando as comunidades diretamente dependentes
de recursos naturais, tais como pescadores, extrativistas, agricultores, lavradores,
etc.).
- a Sociologia dos Recursos Naturais, estudando a
gestão do meio ambiente, este entendido enquanto recursos naturais: engloba estudos sobre
política de terras públicas, planejamento de usos da terra, a gestão das unidades de
conservação, incluídos parques e áreas de lazer.
Acrescentaríamos ainda a Psicologia Social e a
Antropologia Cultural, com estudos sobre atitudes e valores, a Sociologia dos Movimentos
Sociais, enfocando novos sujeitos coletivos, suas agendas de lutas e os conflitos dos
diversos agentes sociais, a Sociologia do Desenvolvimento, esta última na sua vertente
marxista, questionadora do mito do desenvolvimento, e a Sociologia Urbana, sobre o meio
ambiente construído.
Continuando a argumentação em favor da
existência de uma certa trajetória no tempo de algo que agora denominamos Sociologia
Ambiental, Buttel destaca dois livros fundantes, publicados entre 1955 e 1960:
Cottrell - Energy and Society - 1955
Firey - Man, Mind and Land - 1960
O estudo de Cottrell versava sobre o papel das
fontes de energia no formato das estruturas sociais e o de Firey enfocava a interrelação
entre cultura, estrutura social e política e as práticas de conservação.
Sendo esse amálgama, a Sociologia Ambiental
retraduz em termos de problemárica ambiental, e tentando uma forma integradora, o que era
até então definido separadamente no quadro conceitual de cada um destes campos acima
mencionados, e mesmo em outras áreas de conhecimento e atuação. Assim, por exemplo, o
saneamento passou a ser visto como uma dimensão ambiental (assim como de saúde coletiva)
e não apenas uma questão urbana, de engenharia ou de medicina sanitária..
Foi a partir da década de 70, todavia, que a
Sociologia Ambiental apareceu enquanto uma subdisciplina acadêmica específica,
refletindo a respeito do ambientalismo (movimento e valores) que surgia no mundo. Nascia
nos Estados Unidos, segundo Dunlap & Catton (1994), como uma reflexão sobre o
despontar da percepção de problemas ambientais na mesma época. (Percepção que ficara
manifesta na instituição do Dia sobre o Ambiente Humano, 1972; nos movimentos
ambientalistas, etc...) Ao final da década de 70, a seção sobre Sociologia Ambiental da
ASA (Associação Norte-Americana de Sociologia) já contava com 321
pesquisadores-membros. Após um declínio no início dos anos 80, devido a mudanças
políticas internas daquele país, a Sociologia Ambiental norte-americana e mundial se
revitalizou, na medida em que a percepção dos problemas ambientais se aprofundou: em
lugar da degradação ambiental ser percebida como um problema estético, passou a ser
vista como ameaça à saúde e ao bem-estar e enquanto um risco tecnológico (o lixo
tóxico em Love Canal, os acidentes nucleares de Three Mile Island, de Bhopal e de
Chernobyl, a descoberta da destruição progressiva da camada de ozônio, tudo isso passou
a ser visto como indícios de ameaças definitivas à sobrevivência humana e
planetária). Nos anos 90, finalmente, a questão ambiental passou a ganhar uma dimensão
mais complexa e uma institucionalidade global. A partir da realização da Conferência da
ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992 (CNUMAD ou
UNCED), foi criada a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável, na ONU, e um Fundo
Geral para o Meio Ambiente - GEF. As alterações climáticas causadas pela produção
humana passaram a ser definidas como a grande questão ambiental ("global
environmental change"- GEC). Comissões e grupos de estudos acadêmicos e
intergovernamentais têm sido formados desde então, aproximando cientistas naturais e
sociais, para se ganhar entendimento sobre as dimensões humanas das alterações
climáticas e do aquecimento global.
No âmbito sociológico acadêmico, a ISA -
Associação Internacional de Sociologia - fundou em 1990 um novo comitê de pesquisa, o
RC - 24 - Meio Ambiente e Sociedade - com egressos de estudos da Ecologia Humana, da
Sociologia Urbana, Rural etc. No Brasil, A ANPOCS - Associação Nacional de Pesquisadores
em Ciências Sociais - criara também o GT - 04 - Ecologia e Sociedade. Diversos programas
de pós-graduação no Brasil passaram a se dedicar à tematica ambiental, alguns deles
com uma ambição multi ou transdisciplinar[2].
A Sociologia Ambiental nasceu com aquilo que
Buttel chamou de um "partisan flavor": em outras palavras, um toque parcial, de
proselitismo, pois era e é exercida por sociólogos militantes, também compromissados
com a causa ambientalista e trabalhando no sentido de dar sua contribuição, construindo
argumentações para o movimento. (Tal característica, todavia, não pode ser vista como
exclusiva da Sociologia Ambiental. Ao contrário, quase todas as subdisciplinas
sociológicas do trabalho, do gênero, etc. - não guardam distanciamento com o seu
objeto, a exceção, talvez, da Sociologia das Religiões).
Como obras fundantes desta nova fase pós-70
Buttel destacou, ainda no contexto norte-americano, as seguintes:
Klausner - On Man and its Environment - 1971
Burch - Daydreams and Nightmares - 1971
Catton - Overshoot - 1980
Schnaiberg - The Environment - 1980
Klausner, juntamente com os já citados Cottrell
e Firey, compartilhariam o enfoque determinista-tecnológico-ambiental, com uma
orientação estrutural-funcional, enquanto a obra de Burch seria um trabalho sobre
valores e normas. Catton seria um weberiano, enfatizando a estratificação contemporânea
baseada na limitação de recursos e analisando a percepção que teríamos desses
limites, enquanto o livro de Schnaiberg apresentava uma análise marxista de como a crise
ambiental resultaria da dinâmica da racionalidade do modo de produção capitalista. Isso
demonstra, como veremos a seguir, como a Sociologia Ambiental nasceu fecunda, resultante
de múltiplas inspirações.
Aspectos metodológicos:
Quando a Sociologia Ambiental surgiu como tal,
foi, portanto, no contexto norte-americano (Catton & Dunlap, 1978a, 1978b, 1980,
1994), e veio com a ambição de propôr uma mudança paradigmática não apenas para a
disciplina que chegava, mas para a Sociologia em geral. Catton & Dunlap criticavam o
antropocentrismo do pensamento sociológico, que ter-se-ia descartado da variável
ambiental, ignorando que esta constrange e interage com as demais variáveis já
contempladas pela Sociologia.[3] A proposta era que saíssemos de um paradigma HEP
("human exceptionalim" e em seguida redefinido como "human exemptionalim
paradigm"), ou seja, o paradigma da excepcionalidade e da supremacia humanas, do seu
descolamento e independência da natureza, e passássemos a seguir um proposto paradigma
NEP (nature environmental paradigm), pelo qual incluiríamos o ambiente físico como uma
das variáveis do sistema social, propiciando assim um enfoque mais adequado para estudos
sobre a escassez, o declínio da qualidade de vida e o aumento dos custos ambientais.
Equivocados pelo paradigma HEP, incorreríamos no
erro sociológico de ver o ser humano como único, de considerar as mudanças culturais
mais importantes do que as biológicas e no erro de acreditar poder haver evolução
cultural e progresso sem limites. Com base neste sistema de pressupostos, a Sociologia,
ainda segundo Dunlap e Catton, teria negligenciado o ambiente físico que suporta as
sociedades. Catton e Dunlap criticavam, portanto, o antropocentrismo sociológico e a
aversão dos sociólogos à explicações de base biológica.
Em substituição ao paradigma HEP os autores
propunham o paradigma NEP (new environment ou new ecological paradigm), cujas premissas,
diametralmente opostas, seriam: o homem é apenas uma espécie dentre as demais; a cadeia
de vida biológica da natureza (web of life) tem consequências na ação humana; o mundo
é finito, tendo limites físicos e biológicos.
Catton & Dunlap, todavia, buscavam se manter
dentro do legado de Durkheim, isto é, explicando o social pelo social, sem cair em
reducionismos psicológicos ou físicos nem no determinismo biológico. Porém, como
ressalvaram Redclift & Benton (1994), isto faz sentido em termos metateóricos, mas
como torná-lo operacional e propositivo? Como investigar de fato a relação
sociedade-natureza pelo paradigma NEP sem cair no determinismo biológico?[4]
Um segundo dilema com o qual a Sociologia
Ambiental se defrontou dizia respeito a uma questão igualmente presente na Sociologia
geral: como se situar e como transcender o embate entre a escola estruturalista e aquela
cujo pressuposto explicativo é a agência humana inovadora e transformadora?[5] Seguindo
a vertente estruturalista, pouco haveria a ser proposto e apelos ao voluntarismo, a
mudanças de atitudes e de estilos de vida em prol da natureza seriam ineficazes, tendo em
vista que, enquanto indivíduos, estamos submetidos a uma estrutura desigual de poder e,
consequentemente, presos a atividades cotidianas ambientalmente destrutivas as quais não
podemos evitar, inda que queiramos. O estruturalismo ambiental resultaria apenas em
trabalhos críticos e de denúncia.
Por outro lado, pela vertente da agência humana,
a premissa é a de que iniciativas individuais fazem mudar o mundo sim, daí a ênfase em
estudos sobre atitudes, valores, associativismo ambiental etc. (Redclift & Tendon
porém, fazem lembrar aos seguidores da escola da agência humana que a sociedade não se
compõe apenas de um agregado de pessoas interagindo, mas também de objetos físicos,
animais, espaço, etc., lembrete que os aproxima da proposta NEP de Catton & Dunlap).
Para Buttel, a Sociologia Ambiental estaria
dividida em 4 enfoques metodológicos ou ontologias:
1 - um enfoque materialista Durkheimiano, ou
seja, realista (Catton e Dunlap, já acima mencionados);
2 - um enfoque materialista marxista:
exemplificado nos trabalhos de Schnaiberg (1980) e O'Connor (1994). Para Schnaiberg, há
uma dialética, uma contradição entre o ecosistema (o ambiente) e a sociedade humana,
que têm diferentes dinâmicas: de um lado, o moinho da produção e sua expansão
econômica, as relações de produção intensivas de capital deslocando o trabalho, as
multinacionais pressionando por infraestrutura, os sindicatos pressionando por trabalho e
por normatização das relações; do outro, a disrupção ambiental que resulta destes
imperativos contraditórios mal enfrentados pelo Estado e que levam a uma síntese de
escassez planejada. Schnaiberg aplica os conceitos da Sociologia e da Economia Política
marxistas ao entendimento das questões ambientais. De acordo com este enfoque, a proposta
das chamadas tecnologias apropriadas (tecnologias limpas) seria apenas uma nova utopia.
Outros esforços de base marxista são citados por Buttel para ligar causalmente o
desenvolvimento capitalista aos fenômenos de degradação ambiental e explicar o
surgimento e importância dos movimentos ambientalistas, como por exemplo a análise de
Gorz (1980) sobre o capitalismo pós-industrial, no qual novos movimentos sociais teriam
tomado o lugar da classe trabalhadora.
A contribuição marxista à temática ambiental
é importante, embora esteja mais própriamente no campo da Ecologia Política, e de forma
ensaística, do que dentro da forma disciplinar da Sociologia Ambiental. Ela está nos
trabalhos de Marcuse, nos debates de Mansholt et al (1979), nas análises de Gorz e
Bosquet (1978). Há ainda as contribuições do grupo inglês que vem construindo uma
temática ambiental para a classe trabalhadora e cujo mote é "verde e
vermelho": (Weston, 1986; Pepper, 1986). Aqui também são incluídas análises
francesas, como as de Bihr (1989), invectivando o movimento operário a tomar tento na
crise ecológica contemporânea, caracterizada fundamentalmente pelo caráter
antidemocrático das sociedade atual, donde a necessidade de se introduzir uma dimensão
ecológica no pensamento e ações políticas. Chamando a atenção para este novo papel
do movimento operário, Bihr critica os movimentos ecológicos por não terem sabido
colocar em evidência o quanto o modo de produção capitalista é responsável pela crise
ecológica, subordinando a natureza aos imperativos do capital, já que o capitalismo não
se interessa em produzir valor de uso e sim a reprodução ampliada do capital, privando
os produtores de toda a capacidade de controle sobre a finalidade da produção e
praticando uma exploração desenfreada da força de trabalho. Garnier (1994: 70) lhe faz
coro, ao escrever que "a riqueza que a economia capitalista produz fica inteiramente
ao seu serviço, enquanto que a miséria que engendra fica completamente fora de seu campo
de soluções". A crise ecológica é, portanto, o estado de degradação acelerada
das condições de vida e uma crise da modernidade, já que o capitalismo a caracteriza.
Neste mesmo enfoque está o trabalho de K. Gould, Schnaiberg e Schnaiberg (1996) sobre as
lutas ambientalistas como lutas de cidadania contra o moinho da produção.
3 - Um enfoque pós-materialista, percebido por
Inglehart, pelo qual a abundância de bens materiais na sociedade contemporânea os torna
menos valiosos do que as satisfações intelectuais, morais e estéticas, razão pela qual
as questões como a paz, o feminismo, os direitos humanos, a qualidade de vida, se juntam
à questão ambiental como questões que seriam mais prementes do que a questão do
conflito de classes. Martinez-Alier (1995) criticou tal enfoque, não apenas porque teria
esquecido a possibilidade e a especificidade de um ambientalismo dos pobres, mas também
porque não teria considerado as raízes materiais do ambientalismo dos ricos.
No campo das esquerdas anarquistas, os ensaios de
Bookchin e os de Guattari também enfatizam uma análise anticapitalista: Guattari com
lampejos pós-materialistas, na medida em que receita uma ecosofia (ecologia do visível,
das formações sociais e da subjetividade) e vislumbra a junção entre a ecologia
ambiental, a ecologia social e a ecologia mental. A ecosofia reinventaria a subjetividade
operária através de novas práticas sindicais e políticas e de novas alianças do
movimento operário com o movimento feminista e ecológico. Assim, as pessoas seriam
resgatadas das garras do capitalismo mundial integrado, que estaria tomado pelo delírio
da homogeneização das subjetividades, e do seu questionável instrumento de produção
de subjetividades massificadas e seus zumbís serializados. Guattari critica as duas
ilusões simétricas contemporâneas: a ilusão da regulação dirigista da economia e da
sociedade pelos aparelhos de Estado e a ilusão da regulação sistêmica, espontânea,
quase mágica, do mercado mundial, preconizando em seu lugar uma recomposição ecosófica
internacionalista do capitalismo. Guattari tem um pé no pós-materialismo e busca
conciliar sua ecosofia com as questões materialistas da classe trabalhadora ao defender
que a ecosofia operária resgataria, segundo ele, o ecologismo do risco de cair no
conservadorismo. (Guattari, 1992). Bookchin, por sua vez, faz uma proposta de um
anarquismo socialista e ecológico.
4 - um enfoque construtivista ou construcionista,
derivado da noção de múltiplas realidades, da Fenomenologia de Schutz. O enfoque
construtivista, ao clamar pelo espaço das múltiplas realidades, invoca e defende o
direito legítimo de que outras interpretações e saberes de outros atores sociais
também sejam levados em consideração. Assim, a percepção dos riscos provocou o
questionamento da ciência e da tecnologia, trazendo o olhar construtivista,[6] presente
tanto em pesquisas sobre as comunidades vulneráveis que recebem a vizinhança de áreas
de despejo de resíduos (estudos sobre a justiça ambiental de Bullard & Wright 1991),
ou sobre a construção do direito de comunidades recusarem obras impactantes, como
rodovias, por exemplo (Burningham, 1993). A visão construtivista também se apresenta no
estudo das formulações científicas que embasam escolhas políticas (Hannigan, 1995). O
enfoque construtivista, porém, é passível de críticas: Dunlap & Catton (1994), por
exemplo, consideram tal enfoque incompatível com o pressuposto básico da Sociologia
Ambiental, que reconhece a subestrutura material e biofísica da sociedade global e dos
Estados nacionais. Acrescentamos que este enfoque pode ameaçar despir a temática
ambiental de sua especificidade, vendo-a, como Mello e como Fuks a viram, como uma simples
retradução e readaptação de outras questões para as palavras-chaves e motes mais em
voga. Neste sentido, o construtivismo pode esvaziar a problemática ambiental, postulando
que os problemas relativos ao CO2, ao lixo radioativo, ao CFCs poderiam, assim, ser
considerados meras construções/interpretações.
Objetos de estudo:
Sendo uma subdisciplina específica, com status
próprio no meio acadêmico e de pesquisa, a Sociologia Ambiental vem se dedicando a
definir seu objeto. Até aqui, cinco diferentes objetos de estudo têm sido priorizados:
1. Atitudes e valores:
- analisados em função de classes sociais,
gêneros, idade, etc.
-estudo dos fatores sociais correlacionados à adesão a comportamentos ambientais
desejáveis (como os favoráveis à reciclagem, lixo, etc.), a fim de se identificar como
incentivar e multiplicar tais comportamentos;
- aplicação de hipóteses oriundas da psicologia social. Buttel se refere a
interessantes pesquisas de Heberlein (1981), examinando a consistência entre atitudes
ambientais e outras atitudes morais, como, por exemplo, a aceitação da orientação de
não prejudicar os outros, de cada um aceitar sua responsabilidade pessoal sobre o social
e sobre a consciência das consequências interpessoais da ação de cada um.
2. Movimentos ecológicos:
- estudo da base social e composição dos grupos
ambientalistas;
- estudos sobre fatores, dinâmica e formas de mobilização;
- análise do papel político das organizações ambientalistas.
3. Riscos tecnológicos:
- estudo da dinâmica de protestos públicos;
- valores e percepção de riscos;
- controvérsias técnicas;
- construção de argumentações;
- distribuição social de riscos;
- falhas em sistemas técnicos complexos.
4. Política Ambiental (predominantemente
entendida mais com uma perspectiva de conservação do verde do que como um olhar
integrador das diferentes políticas setorializadas - energética, industrial, agrária,
urbana, demográfica, etc):
- Economia política ambiental;
- processos de criação de legislação ambiental e de novas institucionalidades;
- estudos sobre impactos sócio-ambientais de grandes obras.
5. Desenvolvimento:
- críticas ao modelo de desenvolvimento vigente;
- propostas e práticas alternativas;
- estudo de casos e experiências alternativas locais;
- gestão empresarial ambiental.
Pardo (1998) critica uma certa inércia dos sociólogos ao privilegiarem estudos
sobre valores e atitudes, sem contextualizá-los, eliminando de seu campo de
investigações a estrutura de poder, bem como lamenta que os estudos sociológicos sobre
meio ambiente enfatizem mais a degradação do que as propostas alternativas. Dentre os
objetos que seriam mais relevantes estudar, a autora propõe a questão dos impactos
sociais-ecológicos de grandes projetos de desenvolvimento e estudos sobre como a
abundância ou a escassez de recursos interagem com as estruturas sociais.
Depois dos estudos sobre o movimento
ambientalista, sobre as atitudes e valores acerca da temática ambiental, sobre a
formação de políticas ambientais, a Sociologia Ambiental passou a ajustar seu foco para
a justiça/injustiça/racismo ambiental, isto é, para a correlação existente entre a
estratificação sócio-espacial e a localização de resíduos e de atividades produtivas
perigosas, que penalizam, por exemplo, as comunidades negras e pobres nos Estados Unidos.
(Capek.1993; Lake, 1996; Bullard & Wright, 1991). A Sociologia Ambiental a partir dos
anos 90 retoma a vertente da Sociologia do Conhecimento, desvendando os riscos
tecnológicos embutidos em uma ciência que passava a ser questionada, e propondo sua
democratização.(Levine, 1982; Taylor & Buttel, 1992; Boehmer-Christiansen, 1992 e
1995; Porto, 1996; Freitas, 1996; Irwin, 1995; Funtowicz & Ravetz, 1997)
Há ainda uma nova proposta da Sociologia
Ambiental norte-americana, que estaria no campo do que vem sendo chamado de uma Nova
Ecologia Humana, que, através do modelo POET (estudo da interrelação de quatro
variáveis: população, organização, ambiente - environment - e tecnologia) enfocasse a
interdependência funcional da população humana com a cadeia natural da vida. Esta nova
Ecologia Humana estudaria temas tais como a relação entre a poluição e a
redistribuição populacional nas cidades (migrações intraurbanas fugindo da
poluição); a capacidade de suporte ambiental[7]; as formas de adaptação funcionais e
disfuncionais do ser humano ao ambiente. (Buttel & Humphrey, 1995)
No âmbito do RC-24 da ISA, a Sociologia
Ambiental tem se debruçado em primeiro lugar mais sobre valores, atitudes e contexto
histórico nacional dos movimentos (Dunlap; Stern et al; Herculano; Mitsuda; Fuentes;
Luke; Baker; Jarvikoski) e em segundo lugar sobre políticas ambientais nacionais,
preponderantemente com um caráter crítico a estas (Kim; Krooneman) e sobre políticas
internacionais (Goldman e o impacto negativo das obras financiadas pelo Banco Mundial na
India) e estudos sobre políticas para conter/monitorar alterações climáticas - GEC -
global environmental change (Gutman; Boehmer-Cristiansen; Liberatore). Outros estudos do
RC-24, ainda minoritários, têm versado sobre a temática da gestão ambiental (Mol &
Spaargaren; Farago). Em 1997, o RC-24 realizou um simpósio sobre a questão teórica,
até então enfocada predominantemente por Buttel em forma de resenhas, por Catton &
Dunlap, como vimos, por Vaillancourt, e por Duclos e Fisher-Kowalski em tentativas de
examinar a relação sociedade-natureza, todavia com resultados que reputo insuficientes.
Ainda no plano internacional, mas fora do contexto do RC-24, o olhar sociológico sobre o
meio ambiente assume mais o caráter de ensaios que buscam aproximar, em termos
conceituais e políticos, a questão do trabalho e a da ecologia (Bihr; Garnier;
Guattari), ou que propõem novos conceitos genéricos para a sociedade contemporânea
("sociedade do desperdício", para Pardo; "sociedades de risco",
segundo Beck)
Buttel (1996) e Pardo (1998) salientam que a
Sociologia Ambiental vem mudando: tendo começado com estudos que enfatizavam a escassez e
a degradação, assim municiando o movimento ambientalista com argumentação, ou
ratificando suas denúncias, ela vem se ampliando mais recentemente, incorporando
processos de melhora ambiental, o que a coloca no centro de uma polêmica sobre mazelas ou
benesses do dito Capitalismo Avançado. Estaria o Capitalismo Avançado trazendo
soluções para os problemas ambientais? A degradação ambiental resultaria do
Capitalismo ou de uma certa forma de Capitalismo, podendo, portanto, ser corrigida?
Buttel encontra 4 respostas positivas para o
debate. Sim, o Capitalismo Avançado traz soluções, que seriam assim denominadas:
"Ecologia industrial" (Socolow)
"Metabolismo industrial" (Ayres)
"Desmaterialização" (Tibbs)
"Modernização Ecológica" (Mol & Spaargaren)
Buttel, todavia, ressalta que nem a mudança
tecnológica per se, nem o crescimento econômico per se levam à conservação ambiental,
mas atuam sim, se aliados a um sistema regulatório minucioso e severo. Buttel ainda faz
menção a um estudo segundo o qual a regulação ambiental vem tendo efeitos positivos na
geração e aumento de empregos (Repetto, WRI, 1995).
A Sociologia Ambiental no Brasil:
Em termos cronológicos, o olhar sociológico
sobre os problemas ambientais brasileiros começaram na Ecologia Política, em textos
ensaísticos, militantes, de divulgação e de formação, que visavam também produzir o
ideário norteador do movimento. (Gonçalves, 1984, 1989; Gabeira, 1985; Figueiredo, 1988,
Pádua & Lago, 1988; Soffiati, 1988), persistindo tais objetivos em obras mais
recentes, como as de Minc, 1994, 1998; Vieira, 1990; Soffiati, 1995), dentre outros.
Os estudos sobre políticas ambientais
brasileiras foram uma decorrência natural destes ensaios, enfocando temas tais como a
história do despontar das políticas ambientais no Brasil (Pádua, 1986, 1987) e a
análise das diretrizes e mecanismos de implantação de uma política conservacionista,
de proteção às áreas verdes, bem como as políticas aleatórias, setorializadas e
canhestras das quais resulta a devastação (Dean, 1996; Ferreira, 1998; Drummond, 1997).
No GT - 04 - Ecologia e Sociedade, da ANPOCS, os
estudos de Sociologia ambiental se desenvolveram em trabalhos de conteúdo mais empírico,
sobre diferentes questões:
- o movimento ambientalista brasileiro, sua
dinâmica, organicidade e ideário. (Carneiro, 1990; Herculano & Rezende, 1990;
Herculano, 1994; Souza, 1994; Viola, 1987a, 1987b, 1992; Viola & Boeira, 1990.). Os
movimentos ambientalistas eram vistos por outros ou tinham-se a si próprios como novos
atores políticos, novos sujeitos de uma nova proposta de desenvolvimento, ou um
catalisador de novos atores na construção de um espaço público não-estatal;
- a opinião pública acerca da temática ambiental (Crespo & Leitão, 1992); a
percepção de problemas ambientais e a predisposição para agir para resolvê-los ou
mitigá-los (Jácobi, 1995);
- os ensaios pós-materialistas, com interfaces sobre a religiosidade (Hector
Leis);
- ensaios de digressão conceitual sobre a sustentabilidade (Ribeiro, 1992,
Herculano, 1992); coletâneas sobre experiências localizadas de gestão sustentável
(Vieira & Weber, 1996);
Outra área de estudos que se insere no campo da
Sociologia Ambiental brasileira é aquela que converge com os estudos de saúde coletiva e
de saúde do trabalhador. São os estudos de riscos, dos acidentes químicos ampliados e
da vulnerabilidade social (Freitas, 1996a, 1996b; Porto, 1996, Silva, 1996). Talvez esta
seja a contribuição mais interessante da Sociologia brasileira à compreensão dos
problemas ambientais e uma das áreas mais necessárias de realização de pesquisas. É
nela que se dá a confluência de diversas ciências, que vem ocorrendo a partir de
problemas factuais: a análise de riscos e dos acidentes químicos ampliados vem
aproximando engenheiros, médicos, historiadores e sociólogos. Um dos esforços bem
interessantes na produção de teses para a compreensão da temática ambiental em
contextos como o brasileiro está exemplificado na dissertação de mestrado de Amorim
(1997) sobre a ocorrência de acidentes rodoviários no transporte de cargas perigosas, no
qual mostra seu complexo de causas, a amplificação dos riscos e a necessidade de um
sistema gerenciador complexo e integrado que os previna.
Também identificamos neste campo de estudos de
riscos e de crítica à ausência de politicas integradoras, pesquisas como as de Guivant
(1998) sobre as práticas das politicas de financiamento à suinocultura em Santa
Catarina.
Apesar de a Sociologia Ambiental ser uma área
relativamente nova, já há muitos estudos e esforços de pesquisa no Brasil, que não
cabem nos limites deste artigo, e que apontam para questões que vão além do
conservacionismo restrito: são interessantes sobretudo os estudos que enfocam aspectos
estratificacionais e de reforço das desigualdades sócio-econômicas dos impactos
sócio-ambientais de grandes obras, como as barragens hidrelétricas. Como dissemos no
inicio, não pretendemos exaurir a lista de estudos que se dedicam a temática, mas apenas
mapear o campo desta subdisciplina e desenhar as grandes linhas até aqui percorridas.
Bibliografia
Amorim, A. Acidentes de Transporte
Rodoviário de Cargas Perigosas em Trânsito: em busca de um sistema de informação
integrador dos setores saúde e meio ambiente. Rio de Janeiro, Funda¹o Oswaldo
Cruz/Escola Nacional de Saúde Pública FIOCRUZ/ENSP, Dissertação de Mestrado,
1997.
Baker, S. The evolution of the Irish Movement. Paper presented at the
Europeans Consortium for Political Research, Paris, 1989.
Benton, T. Marxism and natural limits: an ecological critique and
reconstruction. New Left Review, n. 178, nov/dec 1989, pp 1 - 39.
Bihr, A. Ecologie et mouvement ouvrier. L' Homme et la Société n. 91-92,
1989/1-2, pp 55 - 71.
Boehmer-Cristiansen, S. Environmental threat perception: scientific or
cultural? Paper presented to the Symposium of Current Developments in Environmental
Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Boehmer-Christiansen, S.. Reflections on the Politics linking Science,
Environment and Innovation. Interdisciplinary Centre for Comparative research in the
Social Sciences. Innovation, vol 8, n. 3, 1995, pp 275 - 287.
Bookchin, M. "Social Ecology vs. Deep Ecology". Socialist Review,
vol 18 n 3, jul/sept 1988, pp. 9-29.
Broadbent, J. Testing theories of the environmental crisis: a case study of
regional industrialization in Japan. Paper presented to the Symposium of Current
Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Bruseke, F.J. A Lógica da Decadência: desestruturação
s;ócio-econômica, o problema da anomia e o desenvolvimentosustentável. Belém, Cejup,
1996.
Bullard, R. D. & Wright, B. The quest for Environmental Equity:
mobilizing the African-American Community for social change. Dunlap, R. E. & Mertig,
A. G. American Environmentalism: the U.S. Environmental Movement (1970 - 1990). N.Y.:
Taylor & Francis Inc, 1991, pp 39 - 49.
Burningham, K. Us and them: the construction and maintenance or divisions in
a planning dispute. Samson & South (eds.) Conflict + consensus in Social Policy:
health, citizenship and environmental issues. Macmillan, 1993.
Burningham, K. The Social Construction of Social Impacts: insights from a
case study of the social impacts of a road scheme. Paper presented to the IAIA meeting,
Quebec, 1994.
Burningham, K. Constructing Social and Environmental Impacts of Changes to
the Local Environment. Paper presented to the XIII World Congress of Sociology, Bielefeld,
1994.
Buttel, F. H. & Humphrey, C. R. Sociological Theory and the natural
environment. sine ed., 1995, 1 - 59.
Buttel, F. H. Environmental and Resource Sociology: theoretical issues and
opportunity for synthesis. In Rural Sociology 61 (1), 1996, pp. 56 - 76.
Buttel, F. H. New directions in environmental sociology. Ann. Rev. of
Sociology, 1987, 13: 465-488.
Capek, S. The "Environmental Justice" frame: a conceptual
discussion and an application. Social Problems, vol. 40, n. 1, Feb. 1993, pp. 5 - 24.
Carneiro, E.J. O Movimento Ecológico de Belo Horizonte. Belo Horizonte,
UFMG, dissertação de mestrado, mimeo, 1990.
Catton, W. R. Jr. Overshoot: the ecological basis of revolutionary change.
Urbana: University of Illinois Press, 1980.
Catton, W. R. Jr. Foundations of Human Ecology. Sociological
Perspectives vol 37, n. 1, 1994, pp 75 - 95.
Catton, W. R. Jr. & Riley E. Dunlap. "Environmental Sociology: a
new paradigm". The American Sociologist 13, 1978, pp 41 - 49.
Catton, W. R. Jr. & Riley E. Dunlap. "Paradims, Theories and the
Primacy of the HEP-NEO distinction". The American Sociologist 13, 1978, -- 256 - 259.
Catton, W. R. Jr. & Riley E. Dunlap. A New Ecological Paradigm for
Post-exuberant Sociology". American Behavioral Scientist 24, 1980, pp 15 - 47.
Crespo, S. & Leitão, P. O Que o Brasileiro Pensa da Ecologia. Rio de
Janeiro, Mast/CNPq/CETEM/ISER, 1993.
Dean, W. A ferro e fogo: a história e a devastacao da Mata Atlantica
Brasileira. Sao Paulo, Companhia das Letras, 1996.
Drummond, J.A & Schroeder, A. Programas de pós-graduação em ciências
ambientais e similares no Brasil - uma listagem preliminar. Campinas, Revista Ambiente e
Sociedade ano I n 2, 1o semestre de 1998, pp 139 - 149.
Drummond, J.A. Devastação e preservação ambiental no Rio de Janeiro.
Niterói, EDUFF, 1997.
Duclos, D. Nature as a cultural necessity: state of the art (Is there
anything new of the nature-culture forefront?) Paper presented to the Symposium of Current
Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Dunlap, R. E. "From Environmental to Ecological Problems". Social
Problems. N.Y., McGraw-Hill, 1993.
Dunlap, R. E. & Catton, W.R.Jr. "Toward an Ecological Sociology:
the development, current status and probable future of environmental sociology". The
Annals of The International Institute of Sociology, Kobe, 1991, p. 263-283.
Dunlap, R. E. & Morrison, D. E "Environmentalism and Elitism: a
conceptual and empirical analysis". Environmental Management vol 10 n 5, N.Y.,
Springer-Verlag, 1986, pp 581-589.
Dunlap, R. E. & Catton Jr, W. R. Struggling with human exemptionalism:
the rise, decline and revitalization of environmental sociology. The American Sociologist/
Spring 1994, pp. 5 - 30.
Dunlap, R. E. Environmental sociology. Eblen, R. A. & Eblen W. R. (eds.)
The Encyclopedia od the Environment. Boston: Houghton Mifflin, 1994, pp 655-657.
Farago, P. & Bucher, P. Ecologically concerned management: attitudes and
experiences of Swiss managers. Paper presented to the Symposium of Current Developments in
Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Ferreira, Lúcia C. Os Ambientalistas Brasileiros, os Direitos Sociais, a
Razão e a Natureza. Trabalho apresentado no XIX Encontro anual da NAPOCS, Caxambu, 1995.
Figueiredo, V. et al. Os descaminhos das responsabilidades. Autos de
Goiânia. Candotti, E. et al eds. Suplemento vol. 7. n. 40 Ciência Hoje. Rio, Março,
1988, pp. 41 - 44.
Fisher-Kowalski, M. & Haberl H. The cultural evolution of social
metabolism with nature. Sustainability problems quantified. paper presented at the XIII
World Congress of Sociology. Bielefeld, 1994.
Freitas, C. M. Acidentes químicos ampliados, vulnerabilidade social e
planejamento de emergências. Paper apresentado ao Seminário Internacional sobre
Qualidade de Vida e Riscos Ambientais. Niterói, UFF-FIOCRUZ, 1996.
Freitas, C. M. Acidentes químicos ampliados: incorporando a dimensão
social nas análises de riscos. Tese de doutorado. Rio: Fiocruz/ENSP, 1996.
Fuentes, A. Movimientos ambientales en España. Paper apresentado ao XII
Congreso Mundial de Sociologia, Madrid, 1990.
Fuks, M. Arenas de ação e debate públicos: os conflitos ambientais e a
emergência do meio ambiente enquanto problema social no Rio de Janeiro (1985 - 1992).
Tese de doutorado. Rio, Iuperj, 1997.
Funtowicz, S. & Ravetz, J. Ciência pós-normal e comunidades ampliadas
de pares face aos desafios ambientais. Rio, FIOCRUZ, História, Ciências, Saúde -
Manguinhos IV (2): 219 - 230, Jul/out 1997.
Gabeira, F. Vida Alternativa. Porto Alegre, LPM, 1985.
Galtung, J. The Green Movement: a socio-historical explanation."
International Sociology vol 1 n. 1 , march 86, pp 75-.90.
Garnier, J.P. L'Écologisme: paradigme des temps futurs ou paravent pour le
temps présent?" L'Homme et la Société, n. 113, juillet-septembre 1994, pp. 59 -
73.
Goldman, B. A. What is the future of environmental justice? Antipode 28:2,
1996, pp. 122 - 141.
Goldman, M. Sustaining development crisis in India: the World Bank, the
Indian State and the Indira Ganghi Canal. Paper presented to the Symposium of Current
Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Gonçalves, C. W. P A Paixão da Terra. Rio de Janeiro, Rocco/Soccii, 1984.
Gonçalves, C.W.P Os (Des)Caminhos do Meio-Ambiente. São Paulo, Ed. Pinsky,
1989
Gorz, A. & Bosquet, M. Ecologie et Politique. 3a. edição.Paris, Ed. du
Seuil, 1978.
Gorz, A. Adieu au Prolétariat- au dela du Socialisme. Paris, Ed. Galilée,
1980.
Gould,K, et alli. Local Environmental Struggles: citizen activism in the
treadmnill of production,. Cambridge University Press, 1996.
Guattari, F. As Três Ecologias. Trad M.C.F. Bittencourt. Campinas, Ed.
Papirus, 1990.
Guattari, F. Ecologie et mouvement ouvrier. Chimères, n. 21, Hiver 1994, pp
127 - 142.
Guimarães, R.. Ecopolitics in the 3rd World. University of Connecticut,
mimeo, 1986.
Guivant, J. A agricultura sustentável na perspectiva das ciências sociais.
Viola, E. et al (orgs.) Meio ambiente, Desenvolvimento e Cidadania: desafios para as
Ciências Sociais. São Paulo: Cortez; Florianópolis, UFSC, 1995, pp 99 - 133.
Guivant, J. Conflitos e negociações nas políticas de controle ambiental:
o caso da suinocultura em Santa Catarina. Campinas, Revista Ambiente e Sociedade, ano I
n.2, 1o semestre de 1998, pp 101 - 123.
Gutman, P. Achieving international cooperation on environmental issues: less
developed countries and the economics of global warming. Paper presented to the Symposium
of Current Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Hannigan, J. A. Environmental Sociology: a social constructionist
perspective. London & n.Y.: Routledge, 1995.
Hannigan, J. A. Environmentalism and agriculture: movement and
countermovement. Paper presented to the Symposium of Current Developments in Environmental
Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Herculano,S.C. & Rezende, V. "Analyzing the Environmental Movements
in the City of Rio de Janeiro (1979-89): David x Goliath or D.Quijote x the
Windmills?" Annals of the XII World Congress of Sociology, Madrid, 1990.
Herculano, S. C. "Como passar do Insuportável ao Sofrível".
Tempo e Presença, Revista do Cedi, n. 261, ano 14, 1992, pp. 12-15.
Herculano, S. C. "Do Desenvolvimento (In)Suportável à Sociedade
Feliz". Ecologia, Ciência e Política. Miriam Goldenberg (Coord.), Rio de Janeiro,
Ed. Revan, 1992, pp. 09-48.
Herculano, S. Environmentalism and citizenship in Brazil: the emergence of
the Braziliam NGO Forum as a new political actor in the context of a global citizen
conference on environment and development. Paper presented to the Symposium of Current
Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Herculano, S.C. Entre o Heroísmo e a Cidadania" (O Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Sociedade Civil e
o Estado: um estudo de caso sobre o exercício da cidadania pelos segmentos
intelectualizados das classes médias). Tese de Doutoramento. Rio, Iuperj, 1994.
Herculano, S.C. "O Campo do Ecologismo no Brasil: o Fórum das
ONGs". Política e Cultura: visões do passado e Perspectivas contemporâneas. Elisa
Reis et al (orgs.) São Paulo, Hucitec/ANPOCS, 1996, pp. 91 - 126.
Herculano, S.C. A qualidade de vida e seus indicadores. Campinas, Revista
Ambiente e Sociedade, ano I n.2, 1o semestre de 1998, pp. 77 - 99.
Herculano, S.C. (org.). Qualidade de Vida e Riscos Ambientais. Niterói,
EdUFF, (prelo).
Jácobi, P. Mapeamento de conflitos ambientais na cidade de São Paulo:
aspectos sócio-institucionais e mobilizatórios. Trabalho apresentado no XIX Encontro
anual da ANPOCS, Caxambu, 1995.
Jarvikoski, T. The Finnish environmental movement as a promoter of
environmental policy. Paper presented to the XII World Congress of Sociology. Madrid,
1990.
Kim, I.K. The environmental problems in urban communities and the protection
of the environment in Korea. Paper presented to the Symposium of Current Developments in
Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Krooneman, P. Environmental degradation and peoples participation as a
panacea: the Indian experience. Paper presented to the Symposium of Current Developments
in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Lake, R. W. Volunteers, nymbys and environmental justice: dilemmas of
democratic practice. Antipode 28:2, 1996, pp. 160 - 174.
Leis, H.R. Espiritualidade e globalização da perspectiva do ambientalismo.
Campinas, Revista Ambiente e Sociedade, ano I n.2, 1o semestre de 1998, pp 41 - 60.
Leis, Héctor R. "Um Moderno Mercado Verde." Idéias/Ensaios. Rio
de Janeiro, Jornal do Brasil, 02/02/92
Leis, Héctor R. "Ambientalismo e Relações Internacionais na
Rio-92". Lua Nova, n. 31, 1993, São Paulo, pp 79-97.
Levine, A. G. Love Canal: Science, Politics and People. Lexington, MA:
Lexington Books.
Liberatore, A. Facing global warming: the interactions between science and
policy making in the European Community. Paper presented to the Symposium of Current
Developments in Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Luke, T. W. Ecological politics and the new localism: Earth First as an
international environmental liberation movement. Paper presented to the XII World Congress
of Sociology, Madrid, 1990.
Martinez-Alier, J. The environment as a luxury good, or "too poor to be
green"? Ecological Economics, 13 (1995), pp 1 - 10.
Mello, M.P. Problemas ambientais e políticas: construção social e
desconstrução analítica. Tese de doutorado. Rio: Iuperj, 1997.
Mitsuda, H. Environmentalism and environmental policy in Japan. Paper
presented to the Symposium of Current Developments in Environmental Sociology.
Woudschoten, Netherlands, 1992.
Mol, A.P.J. & Spaargaren, G. Environment, Modernity and the
Risk-Society. The Apocalyptic Horizon of Environmental Reform". International
Sociology 8, 1993, pp 431 - 459.
Mol, A.P.J. Globalização e a Mudança dos Modelos de Controle e Poluição
Industrial. Herculano, S. (org.) Riscos Ambientais e Qualidade de Vida. Niterói, EDUFF,
(prelo).
O'Connor, J. "Is sustainable capitalism possible?"O'Connor, M.
(ed.) Is Capitalism sustainable?. New York: Guilford, 1994, pp 152 - 175.
Pádua, J. A. O nascimento da política verde no Brasil: fatores exógenos e
endógenos. Leis, H. et al. (orgs.) Ecologia e Política Mundial, Rio:
Vozes-Fase-Airi/PUC-Rio, 1991, pp 135 - 161.
Pádua, J. A. Problems and prospects for a sustainable relationship with the
Amazon Forest in Brazil. Paper apresentado ao Seminário Internacional sobre Qualidade de
Vida e Riscos Ambientais. Niterói, UFF-FIOCRUZ, 1996.
Pádua, J.A. & Lago, A. O que é ecologia. São Paulo, Ed. Brasiliense,
1988.
Pádua, J.A. (org.). Ecologia e Política no Brasil. Iuperj/Espaço e Tempo,
Rio, 1987.
Pádua, J.A. Natureza e Projeto Nacional: as origens da Ecologia Política
no Brasil. Rio: Iuperj, Série Estudos n. 54, 1986.
Pardo, M. Sociología y Medio ambiente: estado de la cuestión. Revista
Internacional de Sociologia (RIS) Tercera Época, n. 19 y 20, enero - agosto, 1998, pp 329
- 367.
Pepper, D. "Radical Environmentalism and The Labour movement". Red
and Green: the new politics of the environment. Joe Weston (ed.), London, Pluto Press,
1986, pp 115 -139.
Porto, M. F. S. Considerações sobre a dinâmica de regulação dos riscos
industriais e a vulnerabilidade da sociedade brasileira. Paper apresentado ao Seminário
Internacional sobre Qualidade de Vida e Riscos Ambientais. Niterói, UFFFIOCRUZ, 1996.
Redclift. M. & Benton, T. Social Theory and the global environment.
London e N.Y.: Routledge, 1994.
Ribeiro, G. L. Ambientalismo e desenvolvimento sustentado. Nova
ideologia/utopia do desenvolvimento. UnB. Série Antropologia 123, 1992.
Schmidt, C. Some theoretical notes on economisation and ecologisation as
civilizing processes. Paper presented to the Symposium of Current Developments in
Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Schnaiberg, A. The environment: from surplus to scarcity. New York: Oxford
University press, 1980
Schnaiberg, A. & Kenneth A. Gould. Environment and Society: the enduring
conflict. New York: St. Martin's, 1994.
Silva, G. A. El Norte sustentable y el Sur sostenible. Comentários
críticos sobre el modelo "Sustainable Europe"y su aplicación en América
Latina. Paper apresentado no Sminério Sustentabilidade e Democracia. Santiago do Chile,
1996.
Silva, G. O. "Angra I e a melancolia de uma era: um estudo sobre a
construção social do risco"/ Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 1996.
Silveira, D. Os Conselhos Nacionais para o Desenvolvimento Sustentável:
realidade e perspectivas. Paper do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1998.
Soffiati, A. Ecologia: reflexões para debate. Sào Paulo: Edições
Paulinas, 1988.
Soffiati, A. De um outro lugar: devaneios filosóficos sobre o ecologismo.
Niterói: EDUFF, 1995.
Souza, Sérgio da Rocha. O Movimento Ecológico no Rio de Janeiro. São
Paulo, PUC, dissertação de Mestrado, 1994, mimeo.
Stern, P. C. & Dietz, T., Kalof, L. Value orientations, Gender and
Environmental concern. Paper presented to the Symposium of Current Developments in
Environmental Sociology. Woudschoten, Netherlands, 1992.
Taylor, P. J. & Buttel, F. H. How do we know we have global
environmental problems? Science and the globalization of environmental discourse.
Geoforum, vol 23, n. 3, pp. 405- 416, 1992.
Tindall, D. B. What is environmental sociology: An inqury into the
paradigmatic status of environmental sociology. In Mehta, M. & Onellet. E. (eds):
Environmental Sociology. Captus Press, 1997.
Vieira, L. Fragmentos de um discurso ecológico. São Paulo: Gaia, 1990.
Vieira, P. F. A problemática ambiental e as ciências sociais no Brasil:
1980 - 1990. Rio, BIB - Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais, n. 33.
1o semestre de 1992, pp. 3 - 32.
Viola, E. "Movimento Ecológico". Lua Nova vol 3 n4 abril/junho
87. São Paulo, LPM/Cedec, pp. 45- 59.
Viola, E. "O Movimento Ecológico no Brasil (1974-86): do ambientalismo
à ecopolítica". Revista Brasileira de Ciências Sociais n. 3 vol 1, fev. 87,
ANPOCS, pp. 5-26.
Viola, E. & Leis, H.R. "Desordem Global da Biosfera e Nova Ordem
Internacional: o papel organizador do Eologismo". Rio de Janeiro, Leis, H. et al.
(orgs.) Ecologia e Política Mundial, Rio: Vozes-Fase-Airi/PUC-Rio, 1991, pp 23 - 50.
Viola, E. A expansão do ambientalismo multissetorial e a globalização da
ordem mundial, 1985 - 1992. Trabalho apresentado ao XVI Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu,
1992.
Viola, E. As dimensões do processo de globalização e a política
ambiental. Trabalho apresentado no XIX Encontro anual da ANPOCS, Caxambu, 1995.
Viola, E. e Leis, H. O ambientalismo multissetorial no Brasil para além da
Rio-92: o desafio de uma estratégia globalista viável. Viola, E. et al (orgs.) Meio
ambiente, Desenvolvimento e Cidadania: desafios para as Ciências Sociais. SP: Cortez;
Florianópolis: UFSC, 1995, pp 134 - 160.
Viola, E.J. & Boeira, S. L. A emergência do ambientalismo complexo
multissetorial no Brasil (particularmente na microrregião de Florianópolis) nos anos 80.
UFSC-IBAMA: Universidade e Sociedade face à Política Ambiental Brasileira. IV Seminário
sobre Universidade e Meio Ambiente, Florianópolis, 1990.
Welsh, I. Education for what? Environment, ecology and sociology. Paper
presented to the Symposium of Current Developments in Environmental Sociology.
Woudschoten, Netherlands, 1992.
Wilson, E. O. Sociobiology: the abridged edition. Cambridge/London. The
Belknapress of Harvard University Press, 1998 (1975)
--------------------------------------------------------------------------------
* Baseado em trabalho apresentado no Seminário
Internacional oria Social e Meio Ambiente Parte II, organizado pela Confederação
Nacional dos Químicos CNQ/CUT, Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo,
Sindicato dos Químicos, Farmacêuticos e Plásticos de São Paulo, out/98.
[1] Por limites de espaço, não enfocaremos aqui
o debate sobre economia ecológica, desenvolvimento sustentável, territorialidade e meio
ambiente, nem os textos abundantemente produzidos por uma militância no campo da ecologia
política, nacional e internacionalmente. (Ver, a propósito, Herculano, 1992).
[2] Ver, a propósito, levantamento feito por José Augusto Drummond e Andrea
Schroeder, na Revista Ambiente e Sociedade, Ano I, n.2, segundo semestre de 1998, pp. 139
- 149.
[3] Ressalte-se aqui a similaridade, não casual, com o ideário ambientalista em
geral, em suas críticas ao antropocentrismo também disseminado em todas as formas de
atuação e de conhecimento humanos.
[4] Proposta, por exemplo, da Sociobiologia e da Consiliência de Edward Wilson.
[5] No campo da Sociologia geral, Pierre Bourdieu oferece saída para este dilema,
com o olhar que denominou de "construtivismo-estruturalista", ou
"estruturalismo construtivista", enfoque, até onde sei, ainda não aplicado à
temática ambiental, nem por ele, nem por outros sociólogos.
[6]O Construtivismo diz respeito ao modelo relacional-cognitivo, que analisa o
processo coletivo de construção de significados comuns que emprestam um sentido às
relações dos indivíduos. (Mello, 1997: 47)
[7] Capacidade de suporte é uma expressão tomada da Ecologia e diz respeito à
relação entre um território/bioma e o número populacional das diferentes espécies que
este pode sustentar.
|